O impacto do celular na escola: um desafio para o ensino e a urgência de mudança na lei
A presença de celulares na escola é um grave desafio. Proibir seu uso por meio de legislação federal é um passo importante para reduzir as desigualdades educacionais, especialmente considerando que muitos educadores já se opõem a esse cenário.
Quem tem mais de 45 anos lembra de um tempo em que fumar era permitido em shoppings e escolas. Hoje, isso parece absurdo, assim como será, em três décadas, a ideia de crianças usando celulares nas salas de aula.
Celulares afetam três elementos essenciais para a educação: foco, resiliência e a conexão entre aluno e professor. Para os alunos reais – e não os imaginários – os celulares são sinônimos de redes sociais, que geram ansiedade e distraem. A validação social que antes acontecia de forma saudável e presencial é derivada de curtidas e curtidas de pessoas distantes, causando dependência das notificações.
Além disso, a resiliência dos alunos é afetada. Nem toda experiência pedagógica é imediatamente prazerosa, mas é através da dedicação que surgem os maiores aprendizados. As redes sociais oferecem uma gratificação rápida, o que torna difícil valorizar o processo educacional.
A conexão entre professor e aluno também é prejudicada, pois a falta de foco e a busca por outras formas de prazer dificultam essa relação. Os professores precisam ser inspiradores, mas a inversão de valores nas redes sociais pode minar a autoridade e a relevância do ensino.
Proibir o uso de celulares nas escolas é fundamental, mas uma mudança cultural também precisa ocorrer em casa. Pais que não valorizam a educação não podem esperar que seus filhos o façam. A escola não conseguirá sozinha, e é preciso uma mudança de mentalidade para que as gerações futuras compreendam o absurdo de conviver com essas distrações.
Marcelo Tavares: Formado em História pela UFRJ, com mestrado e doutorado pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Liderou o departamento de formação de professores no Grupo Salta e é diretor-geral do Colégio Sigma no Distrito Federal. Foto: Arquivo pessoal