Crescimento nos casos fez com que, em 2021, a Organização Mundial da Saúde incluísse o distúrbio emocional na lista de doenças ocupacionais
Nunca foi tão difícil cumprir as demandas e rotinas de trabalho sem comprometer a saúde. Desde a pandemia, os casos de Síndrome de Burnout dispararam no mundo. Uma pesquisa divulgada pelo Future Forum revela que mais de 40% dos profissionais estão esgotados. E o pior: a maioria deles continua trabalhando, apesar do prejuízo físico e mental.
O crescimento nos casos acendeu o alerta e fez com que, em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluísse o distúrbio emocional na lista de doenças ocupacionais. Ainda assim, diz o especialista em Gestão de Pessoas e mestre em Análise do Comportamento, Guilherme Alcântara Ramos, a solução para o problema é complexa.
“Estamos inseridos em um sistema capitalista que, por natureza, requer que tenhamos dinheiro para arcar com custos de alimentação, moradia, transporte, educação, saúde, segurança e lazer. Isso vai determinar o nosso status social, o lugar que vamos ocupar na sociedade e as experiências às quais teremos acesso, como viagens, restaurantes, teatro, cinema, atividade física, investimentos etc.”
Para manter a condição social, seguir o padrão do atual modelo de consumo e evitar o “fantasma” do desemprego, as pessoas acabam aceitando a ideia de que ter um trabalho ruim é melhor do que não ter trabalho. Dessa forma, se sujeitam a jornadas excessivas, a altas cargas de pressão e estresse, a ambientes corporativos competitivos e, em muitos casos, a atividades que não gostam.
“A crença de que o sucesso profissional está associado a um cargo de alto nível com boa condição salarial leva a longas e extenuantes jornadas de trabalho. Antes de percorrer esse caminho, avalie o que é, para você, uma vida bem-sucedida”, diz Guilherme Ramos, professor do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição que integra a Ânima Educação, um dos maiores ecossistemas de educação privada superior do país.
Segundo o psicólogo, equilíbrio é fundamental e se concentrar apenas no rendimento financeiro pode ser um erro. O segredo está em descobrir um propósito de vida e fazer ponderações. Minha carreira está alinhada às minhas expectativas pessoais? Vale a pena investir tanto tempo e energia em prol de sucesso financeiro? Quero abrir mão de ver meus filhos crescerem, de ter bons momentos de lazer com a família, de cuidar da minha saúde física e mental em nome do status? Meu trabalho me garante a segurança financeira necessária ou tenho sido influenciado por hábitos consumistas?
O que é o sucesso, afinal?
Alinhar as expectativas pessoais e profissionais é o primeiro passo para manter a saúde mental. O professor do UniCuritiba ensina que a gestão do tempo facilita o equilíbrio entre trabalho, vida social e familiar. O ponto de partida é o autoconhecimento.
“Precisamos parar de ceder à pressão externa e deixar de enaltecer as pessoas que estudam e trabalham muito, que sacrificam sistematicamente os finais de semana e as férias em nome do estudo ou trabalho. Nós temos a tendência de achar que apenas esse grupo vai ser bem-sucedido, mas o sucesso é relativo e variável. Para uns pode ser uma viagem internacional a cada ano e um carro novo na garagem, para outros pode ser uma vida simples na praia ou no campo”, alerta o especialista.
Ainda que sejam fundamentais, as decisões pessoais não são a única solução contra o Burnout. As empresas também são responsáveis pela saúde mental dos trabalhadores. A dinâmica nos ambientes corporativos, as demissões em massa em momentos de crise, equipes cada vez mais enxutas, as falhas na comunicação e o acúmulo de funções sobrecarregam os profissionais. A falta de preparo das lideranças também pesa.
“A pressão no ambiente de trabalho vem aumentando, mas a compensação não. Sem retribuição salarial, benefícios ou reconhecimento, os profissionais não se sentem recompensados. E aí voltamos à velha questão: mesmo exaustas e estressadas, as pessoas permanecem no trabalho porque acreditam que é melhor ter um emprego ruim a não ter emprego”, analisa Guilherme.
Investimento em boas práticas de gestão
O ambiente competitivo e pouco empático torna muitas empresas “insalubres” para a saúde mental. “Não desenvolvemos adequadamente nossas habilidades sociais, nosso cuidado, atenção e sensibilidade com as pessoas a nossa volta. Temos dificuldades de comunicação e não aceitamos as diferentes realidades e pontos de vista. Tudo isso compromete o ambiente no trabalho”, esclarece o psicólogo e coordenador da Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia em Curitiba.
Trabalhar em um ambiente de segurança psicológica, com interações saudáveis e sob boa liderança são fatores protetivos para a qualidade de vida e a redução de doenças ocupacionais. Na avaliação do especialista em Gestão de Pessoas e professor de Psicologia do UniCuritiba, Guilherme Alcântara Ramos, investir em boas práticas de gestão traz vantagens para os trabalhadores e retorno para as empresas.
Pesquisas mostram que as companhias que se preocupam com a saúde mental de seus profissionais têm aumento em produtividade, times mais motivados e engajados, reduzem o turnover, o absenteísmo e o afastamento por doença. “É altamente benéfico para as organizações investir em saúde mental e no desenvolvimento dos líderes, agentes importantes para atenuar o estresse no local de trabalho e promover ambientes mais protetivos contra a Síndrome de Burnout”, orienta Guilherme.
Sintomas da Síndrome de Burnout
Conhecida também como Síndrome do Esgotamento Profissional, a Síndrome de Burnout é mais do que um cansaço que pode ser resolvido após uma noite de sono ou em um final de semana de descanso. O distúrbio é resultado do excesso de trabalho por longo período e acomete profissionais que vivem diariamente sob pressão e grandes responsabilidades.
Os sintomas principais são exaustão extrema (física e mental), dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, negatividade, sensação de derrota e incompetência, alterações bruscas e repentinas de humor, isolamento, insegurança, dores musculares, alterações gastrointestinais e nos batimentos cardíacos.
Os sinais surgem de forma leve, mas pioram com o passar dos dias. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, o indicado é recorrer a médicos e psicólogos e adotar novos hábitos de vida.
Entre as dicas estão reduzir a carga de trabalho, dormir pelos menos 8 horas por dia, fazer atividades de lazer e esporte, fugir da rotina, evitar o contato com pessoas negativas e que reclamam de tudo, ter alguém de confiança para conversar, evitar o consumo de bebidas alcóolicas e não fumar, traçar pequenos objetivos na vida pessoal e profissional.
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