Brasil é um dos países recordistas em transtornos de ansiedade e depressão; psicóloga ensina como fazer do recesso de fim de ano um aliado no equilíbrio emocional
Primeiro, a pandemia. Agora, um ano eleitoral conturbado. Para muita gente, pode ser difícil manter o equilíbrio emocional. A boa notícia é que as férias de verão são uma excelente alternativa para recuperar o bem-estar físico, aliviar o cansaço e melhorar a saúde mental. A questão é saber aproveitar ao máximo o recesso de fim de ano.
A psicóloga Daniela Jungles lembra que o Brasil tem um dos maiores índices de pessoas com transtornos de ansiedade e depressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que mais de 18 milhões sofrem com ansiedade e outros 12 milhões têm depressão.
A pesquisa Global Health Service Monitor, realizada em 34 países, confirma a gravidade do assunto e revela: os transtornos mentais estão entre as principais preocupações de saúde dos brasileiros. Segundo o levantamento, 49% da população considera os transtornos mentais uma preocupação maior do que a obesidade e o câncer. O percentual cresceu quase três vezes em quatro anos.
“Insônia, alterações no apetite, irritabilidade, palpitações, fadiga excessiva, baixa concentração, pouca motivação e oscilações no humor estão entre as queixas mais comuns e merecem atenção”, explica a Supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país.
A chegada das férias de verão pode representar um alívio para quem viveu uma montanha-russa de emoções nos últimos tempos e a professora Daniela Jungles dá algumas dicas para aproveitar as férias como energizante para 2023.
“O primeiro ponto a lembrar é que não precisamos de grandes investimentos, viagens longas ou muitas semanas longe do trabalho ou dos estudos para desacelerar e recuperar o fôlego. O importante é aproveitar o tempo livre e os dias de recesso para acalmar e higienizar a mente, fazer atividades prazerosas e relaxantes, curtir os dias ao ar livre e de preferência perto da natureza”, ensina a especialista.
Descanso revigorante
O cansaço mental e emocional é diferente do cansaço físico. Por isso, uma noite de sono nem sempre é suficiente para recuperar o reequilíbrio psicológico. Para que o descanso de fim de ano seja de fato revigorante, a psicóloga Daniela Jungles sugere um planejamento que priorize a saúde mental.
“De nada adiantará a folga se a pessoa exagerar nas festas, compras e correrias. Muitas vezes, uma viagem pode ser mais estressante do que se imagina. Para quem está sobrecarregado, a meta principal é o descanso e o sossego, sem muitos compromissos e eventos obrigatórios”, orienta a mestre em Ciências da Educação pela Université de Sherbrooke (Canadá).
Dicas para recuperar a saúde mental
1. Cuide de si, leia um livro, maratone a série que você tentou assistir durante o ano e não conseguiu, faça atividades gratificantes.
2. Conecte-se com sua essência e com aqueles que você ama. Brinque com seus filhos e netos, namore, passeie com seu pet, visite um amigo. Boas conversas são excelentes para aliviar a tensão.
3. Não exagere nos compromissos sociais. As festas de Natal e Ano Novo são excelentes oportunidades para descontrair e rever os familiares, mas não agende eventos apenas por obrigação.
4. Dê um tempo das redes sociais. Ao mesmo tempo que elas informam e encurtam distâncias, também podem desencadear sentimentos como ansiedade e apreensão.
5. Evite congestionamentos ou rodoviárias e aeroportos lotados. Se você terá poucos dias de folga no fim do ano, utilize seu tempo com sabedoria.
6. Não sofra por questões que estão fora do seu alcance. Mantenha o foco naquilo que está, de fato, sob sua responsabilidade.
7. Duas semanas consecutivas de férias costumam surtir ótimos efeitos na saúde mental, mas se você não tiver esse tempo para relaxar, não se preocupe: todo final de semana ou recesso curto é útil para desconectar da rotina.
8. Não sofra em silêncio. Se ao final das férias você ainda se sentir mentalmente cansado, ansioso ou deprimido, procure ajude especializada antes que seu quadro se torne uma patologia como depressão ou síndrome do pânico.
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