É na infância que desenvolvemos a forma de nos relacionar com o mundo e é nesse período onde acontecem os traumas que podem levar a problemas como ansiedade, raiva, culpa e inibição. Na maioria das vezes, os adultos desmerecem o sofrimento das crianças. A psicóloga e docente da Estácio, Milena Coelho, explica que é comum ouvirmos frases como: “Criança não tem problema”; “Isso na minha época era muito pior e nem morri”. “Esse tipo de argumento afasta a criança dos pais e não contribui para falar sobre o que ela sente. As crianças precisam ser bem orientadas pelos adultos e experienciar modelos de assertividade acerca das emoções, para que tenhamos uma sociedade mais sensível e menos egoísta, pontuou Milena.
É preciso compreender que os maus tratos vão além do abuso físico. É essencial que toda criança se sinta amada pelos pais e adultos próximos, recebendo atenção, carinho e sentindo-se querida, em uma família que a ama e que deseja a sua felicidade.
Muito se fala em inteligência emocional, mas poucos levam esse assunto em consideração. Afinal, nem todas as crianças possuem acesso a um lar estável, com direito a afeto, atenção e cuidados básicos. A carência afetiva também é um tipo de problema socioeconômico e que deve ser combatido para termos uma sociedade mais justa e correta.
A especialista argumenta que a psicologia infantil trabalha a identificação e manejo das emoções, pois muitas vezes a criança está em sofrimento, mas não tem vocabulário suficiente para nomear as emoções que tem percebido. “Após a identificação das emoções, trabalhamos como serão expressadas para que sejam melhor amparadas pelos adultos. É importante considerar quando a criança apresenta episódios com comportamentos mais agressivos/destrutivos ou apresenta humor triste. Tais comportamentos podem ser identificados com o choro recorrente, o medo de ficar longe dos pais, brigas com colegas na escola, esquiva de situações antes prazerosas, dentre outros”, finalizou.