Basta olhar o mapa para perceber como o Brasil é um país continental. Nossos mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados nos fazem o quinto maior país do mundo em território, perdendo apenas para Rússia, Canadá, China e EUA. Da ponta mais ao oeste do país – Nascente do Rio Moa, no Acre – até o ponto mais a leste – Ponta do Seixas, na Paraíba – são mais de 4.300 km. Isso equivale à distância entre Lisboa e Moscou, que, numa viagem de carro, cruzaria pelo menos 6 países.
Além de ser imenso e geograficamente muito rico, o Brasil é um país que tem na sua gente uma de suas principais virtudes. As estatísticas recentes mostram que somos mais de 212 milhões de pessoas, de variadas culturas, costumes, religiões, crenças e origens. Ano após ano, a expectativa de vida cresce, enquanto a mortalidade infantil e o analfabetismo caem.
Em termos econômicos, temos um Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços finais que o país produz em um ano – acima da marca de um trilhão de dólares. São apenas 18 nações no mundo que possuem esse feito. Exportamos principalmente soja, petróleo, minério de ferro, celulose, milho e carne de frango. Importamos adubos e fertilizantes, óleos combustíveis, válvulas, gás natural e produtos químicos.
Dentre os mais de duzentos países do mundo, são cerca de cinco que possuem mais de 2 milhões de quilômetros quadrados, mais de 100 milhões de habitantes e um PIB que ultrapassa um trilhão de dólares. Isso nos torna quase exclusivos, mas não quer dizer que somos assim tão grandes em termos econômicos.
Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil é apenas o 26.º maior exportador do mundo, atrás de nações geograficamente muito menores do que nós, como Holanda, Coreia do Sul ou Cingapura. Burocracia e infraestrutura ruim prejudicam os negócios internacionais do Brasil, e nossos produtos acabam sendo caros e difíceis de escoar.
Em termos de PIB, quando dividimos tudo o que produzimos pela população do país – o que se chama de PIB per capita – tem-se que os brasileiros ganham menos do que os chilenos, uruguaios e argentinos (que estão numa severa crise econômica já há alguns anos). Aos poucos, precisamos passar a produzir uma quantidade maior de produtos mais valiosos e de maior valor agregado para que a riqueza do país seja também a riqueza da população.
Além disso, ainda que tenhamos uma população diversa e com dezenas de qualidades, menos de 1% dos brasileiros é fluente em outro idioma. Cerca de 52% não compreendem absolutamente nada do que é dito em outra língua, o que torna o mundo à nossa volta algo misterioso e complexo para a maior parte de nós.
*João Alfredo Lopes Nyegray, especialista em Negócios Internacionais, doutorando em estratégia, coordenador do curso de Comércio Exterior e professor de Geopolítica e Negócios Internacionais na Universidade Positivo (UP). @janyegray