Campanha alerta para prevenção e diagnóstico das hepatites virais
Casos graves da doença podem levar a insuficiência hepática, cirrose e câncer de fígado De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais atingem cerca de 300 milhões de pessoas no planeta. O intuito é conscientizar a população sobre prevenção e diagnóstico, para o melhor controle das transmissões. Entre os agentes infecciosos que causam a hepatite, destacam-se os vírus A, B, C, D (mais conhecido como Delta) e E. A médica hepatologista Dra. Natália Trevizoli, do Hospital Brasília, pertencente a Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, reforça que as hepatites virais fazem parte de um grupo de doenças causadas por vírus que acometem o fígado. “Os vírus causadores das hepatites são diversos e com características e mecanismos de transmissão muito diferentes uns dos outros. Eles podem gerar consequências graves como insuficiência hepática, cirrose e câncer de fígado.”, afirma a especialista. As hepatites A e E estão diretamente ligadas a questões precárias de saneamento básico. Os vírus podem ser transmitidos, por exemplo, pelo consumo de água ou comida contaminados com as fezes da pessoa doente. “Geralmente, quem contrai a hepatite A ou E pode se curar pelo próprio sistema imunológico, mas há casos mais raros em que a hepatite A pode resultar em insuficiência hepática fulminante, causando a morte e, a hepatite E, se tornar crônica em pacientes imunocomprometidos”, destaca a médica. O vírus da hepatite B é muito infeccioso e pode ser transmitido por sangue ou secreções contaminadas. Já o tipo C evolui para doença crônica em 85% dos infectados e é transmitido, principalmente, por trocas sanguíneas, como ocorre em hemotransfusões, entre usuários de drogas injetáveis e inaláveis, e em procedimentos com instrumentos perfurocortantes. Vale destacar que o Delta é muito particular e só infecta quem já possui o vírus do tipo B. Ele está restrito geograficamente à bacia do Amazonas e a países do Mediterrâneo. O médico infectologista Dr. José David Urbaez Brito, do Exame Medicina Diagnóstica, também pertencente a Dasa, esclarece que as hepatites B e C também possuem uma fase aguda, mas podem se instalar no fígado e levar a casos crônicos com lesão moderada e progressiva ao longo dos anos. “O tecido saudável é substituído por um tecido de fibrose, o que pode levar a uma alteração muito grande na funcionalidade do órgão”, explica o infectologista. Segundo o médico, no final dessa evolução, o indivíduo passa a ser portador de uma cirrose hepática, que pode levar à morte ou necessidade de transplante. O diagnóstico das hepatites virais é essencial para o tratamento adequado. Segundo Dra. Natália Trevizoli, a única maneira de saber se uma pessoa está ou não com hepatite viral é por meio de exames de sangue. A médica afirma que a doença ainda é subdiagnosticada e estima-se que grande parte dos infectados com os tipos B e C não sabem que têm a enfermidade. “Essas hepatites se destacam por estarem entre as principais causas de cirrose hepática no mundo e causam dois em cada três casos de câncer do fígado”, destaca. Prevenção Existem várias medidas de prevenção que podem evitar a transmissão das hepatites virais, como: o uso de preservativo em todas as relações sexuais; exigir materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings; não compartilhar instrumentos de manicure e pedicure, nem lâminas de barbear ou depilar; não compartilhar agulhas e seringas e equipamentos para drogas inaladas. Também são recomendados cuidados médicos e odontológicos, incluindo rígido controle para evitar a transmissão por meio de transfusões de sangue, transplantes, hemodiálise, procedimentos perfurocortantes e transmissão vertical (da mãe para o filho durante gestação, parto ou amamentação. De acordo com Dr. David Urbaez, atualmente existem ferramentas valiosas e potentes para o controle das hepatites, como a vacinação para as hepatites A e B, disponível tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como também pelo serviço privado. O médico afirma que a imunização é segura e altamente eficaz. Para as demais formas virais não existe imunização, apenas tratamento. É o caso da hepatite C. “Os medicamentos disponíveis para o tratamento são eficazes e garantem quase 100% da cura em indivíduos submetidos ao uso desses remédios”, conclui o médico.
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