Veículo autoguiado de baixo custo desenvolvido por estudantes carrega matéria-prima, além de produtos finalizados entre setores da indústria
A parceria entre empresa e universidade resultou em uma solução de baixo custo para modernizar um processo de logística em uma planta industrial de Curitiba (PR). O protótipo de veículo autônomo autoguiado e movido a bateria agiliza o transporte de produtos entre setores da fábrica, resultando em solução sustentável e diminuindo desperdício.
O projeto começou quando uma equipe da Neodent, indústria curitibana de implantes dentários, procurou a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para desenvolver, em parceria com alunos dos cursos de Engenharia Elétrica e Mecânica, uma forma de transporte de baixo custo que levasse a matéria-prima do setor de logística para o de produção, e retornasse com os produtos finalizados. Dois estudantes foram escolhidos em processo de seleção para trabalhar na fábrica como estagiários, recebendo auxílio da empresa para levantar a melhor forma de resolver a questão.
De abril a dezembro de 2021, após compreender o funcionamento da fábrica e as necessidades da produção, os estudantes desenvolveram um modelo de veículo autônomo, movido a bateria de lítio, que percorre os setores por uma linha-guia, sem necessitar de alguém para conduzi-lo. Um sinal sonoro é emitido quando o produto inicia o trajeto para que as equipes recebam o carrinho.
Conhecido pela sigla AGV - que vem de Automated Guided Vehicle -, o carrinho, com o auxílio de um sensor infravermelho, faz a leitura da linha e identifica a posição do veículo, processa a informação e envia resposta às rodas, que corrige sua posição e, só então, segue o seu caminho. O veículo - de aproximadamente 1 metro de comprimento por 70 centímetros de largura - está sendo utilizado em forma de teste, em um percurso de 60 metros para atender à demanda da fábrica de alinhadores transparentes ClearCorrect. Em uma segunda etapa, deve ser utilizado também pela fábrica da Neodent, que produz implantes dentários.
Relação “ganha-ganha”
O resultado vem superando as expectativas: em um mês de testes, foram realizadas 92 rotas e transportados 1.223 pedidos – entre matéria-prima e produtos finalizados. A intenção da empresa é criar novas rotas e utilizar mais AGVs no transporte dentro da planta. Para isso, serão procuradas empresas interessadas em transformar o protótipo em produto. “Temos outras opções de AGV no mercado, mas com custo muito mais elevado e que não seriam produzidos para nossa necessidade específica. A solução encontrada pela equipe da UFPR resultou em um veículo sustentável e que foi pensado para nossas operações”, conta o gerente de operações da Neodent, Rodrigo Pascini.
O transporte entre os setores era realizado até então por um colaborador, que passava o dia na função de guiar manualmente um carrinho e, muitas vezes, aguardando por muito tempo até o pedido ser carregado. Com essa a novidade no processo, o colaborador foi realocado e agora faz parte da equipe de entregas dentro do setor de faturamento da empresa.
De acordo com o orientador do projeto na universidade, o objetivo proposto para os alunos foi estudar a aplicação de novas tecnologias que facilitem a movimentação de materiais, agregando valor e reduzindo eventuais desperdícios. “Foi uma possibilidade de aplicação do conhecimento em uma situação de necessidade real de uma empresa, sobretudo uma de grande porte. Os estudantes passaram do nível teórico, em termos de conhecimento, para um campo de percepção de poder que o conhecimento científico tem para produzir soluções impactantes para a indústria”, comenta o professor Pablo Deivid Valle, do departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, que acompanhou o trabalho dos estudantes Gustavo Sanches e Lucas Zappani.
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